sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Evolução e Transformação - A importância dos passos


 Quando estamos iniciando no origami ou até mesmo depois de dominadas as técnicas, quando nos deparamos com um modelo novo, pronto, completo, bonito, logo queremos fazê-lo.
Dominar as dobras que o compõe, sem se preocupar com sua origem, com o que foi feito antes de chegar a esse modelo.
Queremos sobrepujar as dobras !
Esse é um impulso natural, eufórico, perfeitamente comum e de maneira alguma condenável.
O que gostaria de mostrar aqui é a idéia de evoluir, tanto tecnicamente quanto espiritualmente.
Permitir que você entenda ou somente sinta a energia e a força do processo evolutivo que leva ao modelo que almeja.
Vou tomar por base os kusudamas, que por sua origem e uso reforçam a idéia de trabalho com a energia, mas essa relação pode ser vista de um tsuru até chegar num dragão, por exemplo.
Vou utilizar em sua maioria módulos sonobes, do original, passando por algumas variações, até chegar a modulares não-sonobes e a sonobes grandes.
Se vocês olharem atentamente a seqüência de imagens, podem perceber uma evolução de
formas, do quadrado, icosaedro até esferas e grandes aglomerados.
Créditos: as imagens são parte do trabalho de Meenakshi Mukerji
Para cada kusudama apresentado, foi usada uma técnica, uma quantidade de dobras, uma
quantidade de módulos, por conseqüência uma quantidade de energia e de trabalho.
Conforme vamos fazendo os modelos, empregamos mais e mais da nossa atenção, cuidado e deslumbramento com o resultado final.
Consequentemente empregamos mais energia positiva na criação e nos recompensamos e
recebemos de volta essa energia ao sorrir e vislumbrar o resultado final, mais ainda quando
esse sorriso e deslumbramento vem da pessoa que o recebe.
Trabalhar cada módulo e ir evoluindo passo a passo, nos permite evoluir também na forma
como interagimos com essa energia.
Isso nos permite, ao fazer os modelos mais avançados, usar nossa energia de forma mais
complexa, mais plena, menos braçal, mais espiritual.
Avançar por passos é um conceito onipresente na nossa vida, não aprendemos a correr antes de andar ou a falar antes de balbuciar.
Esse avanço gradativo nos permite perceber tecnicamente que dobras anteriores servem para nos orientar nas dobras que virão. Que não existem dobras forçadas, elas são uma
conseqüência. E nos permite sentir que dobra sobre dobra, nós evoluímos como seres de
energia, da mais simples à mais complexa.
Faça um exercício: imagine o primeiro modelo entre suas mãos, semi-fechadas em forma de concha.
Imagine que esse modelo é a representação de uma esfera de energia, energia que veio do
centro do seu corpo, passou pelos seus braços e através das suas mãos formou o modelo.
Digamos que você queira presentear alguém com ele, transmitir sua energia positiva para ele.
Agora repita esse processo até o modulo 9. Imagine como essa sua energia vai se
transformando, gerando o cubo original até a esfera cheia de pontas, perceba como essa
energia final deve ser mais refinada, harmoniosa, sutil, para conseguir formar essa esfera.
Agora você já deve perceber que podemos ter dois tipos de prazer no origami: o intelectual e oemocional.
O prazer intelectual é racional, analítico. Nós sobrepujamos as dobras !
O prazer emocional, que depois de dominada a técnica, se preocupa com os sentidos, com a harmonia, com a energia empregada, com o prazer em si e com o prazer de quem irá receber.
Agora nós sobrepujamos os sentidos, evoluímos o espírito...caminhamos para o zen.

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